terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ninguém passou por aqui!










Conto dos dias para te ver,
Como se estivesse a alucinar,
Como se meus pensamentos fossem meros sonhos.
Mas tu não vens.
Já cansada, olho em meu redor,
E tento identificar algo de ti.
Observo as paredes deste quarto,
Que parece que perdeu a vida,
Desde que te foste embora.
Observo, minha cama,
Que já sente a tua ausência.
A porta do quarto no entanto,
Ainda está aberta,
Desde o dia em que partiste,
Como se de repente fosses voltar.
A tua roupa, que continua espalhada,
Pelo quarto, ainda tem teu cheiro,
Um cheiro, de dor e desespero.
De mágoa e desilusão.
Deixaste-me para aqui, perdida,
Sem saber o que fazer da vida.
Desde que te foste,
Até o sol, já não quer brilhar,
E todos os dias cheiram a tristeza.
Minha vida, aos poucos perde também a sua cor,
E a magia dos dias que vivemos,
Aos poucos vão se apagando de minha memoria.
E eu, já em completo desespero,
Saio do quarto,
Desço as escadas, quase não sentindo os meus passos,
Abro a porta, em direcção à rua,
A claridade incomoda meus olhos,
Depois de tanto tempo na penumbra.
Olho as pessoas que passam,
E com esperança redobrada,
Vejo um vulto conhecido,
E pergunto-lhe por ti,
Mas ele, imergido na sua própria dor,
Apenas me diz. “hoje, ninguém passou por aqui!.

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